A célebre frase imortalizada na voz do locutor Galvão Bueno, da TV Globo, sempre quandoum jogo da seleção brasileira se apresenta muito difícil para o torcedor - “é teste para cardíaco” - deve ser levada muito a sério, segundo quem entende do assunto. “Evidentemente que a sobrecarga de adrenalina , como tudo que é em excesso, deve ser evitada”, aponta o cardiologista Antonio Fidelis Guil, 57 anos e há pelo menos 25 trabalhando na Secretaria Municipal de Saúde.
O maior problema segundo ele é como evitar? “Fatos relacionados à emoção normalmente fogem da consciência e as pessoas acabam cometendo excessos que no caso de quem tem doença cardíaca pode levar a uma situação indesejável”, aponta. Ele disse que na Copa da Alemanha, em 2006, uma publicação científica fez um estudo com torcedores da Inglaterra para aferir as reações relacionadas ao funcionamento do coração e os resultados segundo Guil, foram assustadores.
O seu colega João Carlos de Oliveira entende que os riscos são mais inerentes a pessoas que têm histórico de pressão alta, colesterol elevado, triglicérides e acima de tudo com histórico de doenças cardiovasculares. “Pessoas com este perfil devem tomar cuidado maior. Se perceber que assistir a um jogo de futebol vai envolver uma carga emocional muito acima daquilo que é razoável, melhor que saia de frente da televisão”, sugere. Ainda segundo sua análise, o excesso de adrenalina pode causar arritmia e levar a um quadro de enfarte.
Outro cardiologista dos mais famosos em Itapira e região, Mosasi Mituzaki, também segue o mesmo raciocínio. Segundo ele, um nível elevado de stress – como aquele provocado por uma decisão de pênaltis - libera uma substância chamada catecolominas, que produz entre outras , a adrenalina, cujo efeito imediato é uma arritmia. Embora entenda que deva haver , principalmente, entre pessoas com histórico de doenças do coração bastante comedimento, Mosasi não repreende quem torce de forma apaixonada. “Evidentemente que as pessoas devem se pautar pelo equilíbrio, mas a gente sabe que em casos como estes muitas vezes fica difícil se controlar. Os riscos existem, mas talvez numa proporção menor do que se ventila na maioria dos casos, caso contrário o número de óbitos seria muito mais preocupante”, avaliou.
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